Facilitando no dia dia, é possível ir além do trabalho?
sobre ser facilitador no dia a dia
Nem sempre temos a oportunidade de colocar em prática a facilitação no nosso contexto profissional.
Foi por isso que, durante a pandemia, fiquei com uma reflexão…
Seria possível expandir a facilitação para além do meu trabalho? Como poderia aprender em grupos e encontros mais informais?
Foi colocando esse olhar de facilitador no meu dia a dia que percebi que existiam milhares de oportunidades. Algumas tão ricas de aprendizados quanto no ambiente profissional.
Antes disso, é importante dizer o que eu penso que é “praticar facilitação no dia a dia”. Isso pode ter várias respostas, mas a princípio é quando pensamos em um encontro de forma intencional e com propósito, podendo promover conversas mais profundas e práticas que nos conectem.
Um encontro entre velhos amigos. Um churrasco. Uma despedida, ou até uma noite de natal, ou réveillon, podem ser muito mais significativos quando ousamos colocar esse olhar.
Porém, raramente pensamos “qual é o propósito desse encontro?” e caímos facilmente na mesmice de como sempre foi.
A gente supõe que sempre foi assim, que ninguém quer mudar, ou que nem todos sentem o mesmo tédio que sentimos.
💡Mas, se sentimos tédio, talvez seja um chamado.
Pois todo encontro tem algum propósito… o problema é que muitas vezes pode estar aberto demais, sem foco. Às vezes, ele simplesmente não é comunicado.
Isso aconteceu comigo recentemente, com encontros promovidos a convite de um amigo. Eu achava que os encontros eram para jogar jogos. Quando eu brinquei que nos últimos encontros a gente mal tinha jogado, percebi que outro amigo não tinha sido convidado com esse intuito e achava que era apenas para “jogar papo fora”. Rimos dessa confusão e restabelecemos a direção.
A gente supõe que um encontro de natal seja para “encontrar os familiares”. Mas isso diz muito pouco sobre o que de fato deve acontecer. Talvez um natal seria completamente diferente quando queremos “se reunir para promover laços e nos sentirmos em comunidade”.
Este propósito excluiria a famosa prática do “Inimigo X”, uma brincadeira de roubar presentes um do outro (eu acho super divertido, mas num contexto de promover laços e comunidade, talvez não seja uma boa escolha 🤣).
Priya Parker, autora do livro “The Art of Gathering”, diz que um bom propósito deveria ser ambicioso, podendo até trazer um pouco de desconforto para o host (quem lidera o encontro) devido ao foco envolvido. Esse foco é importante, pois se torna um presente para a experiência de todos.
Recentemente conheci uma família onde todos resolveram imitar a avó, colocando uma peruca e suas roupas para celebrar seu aniversário de 90 anos. Imagina quão significativo e memorável foi para a avó, assim como para todos que participaram?
O vídeo inclusive chegou a mais de 2 milhões de views no instagram.
Mas podemos fazer coisas bem simples também.
No réveillon, eu transbordo gratidão. E tenho feito algo muito simples: após meia-noite, quando em grupos pequenos, faço uma roda e cada um fala o que foi grato pelo ano que se passou.
Ou trago um flipchart com a pergunta “O que espero para o próximo ano?”, com canetas e post its à disposição.
Mas a facilitação fora do trabalho pode ir muito, mas muito além… pode promover conversas difíceis e necessárias, como chamar um amigo num local significativo para pedir perdão, cuidar das reuniões de condomínio ou conversar sobre desligar os aparelhos de um ente querido.
Nessas horas, se você sentiu o chamado, vestir a roupa de facilitador pode exigir coragem, mas será um presente para si e para quem participa, trazendo aprendizados e experiências inesquecíveis.
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Teve algum momento onde você vestiu a roupa de facilitador de um encontro mais informal? Como foi, me conta nos comentários ;)
O que você poderia fazer no seu próximo encontro para ter mais propósito e significado?
Muito bom! Momentos se tornam mais agradáveis e conversas fazem mais sentido com um facilitador por perto. Muita gente pode ter um dentro de si, só precisa despertar. Ser criativo nesse sentido, é dar vida a nossa vida.